Escrito nos raros momentos de folga de uma jornada fatigante.

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Divulgação literária e outros babados fortes

Versos cretinos, crônicas escrotas e contos requentados. O resto é pura prosa.

sexta-feira, 3 de junho de 2016

No escuro, todos pardos são gatos

No meio de uma arrumação, descobri essa poesia perdida nas gavetas eletrônicas. Há um encosto de Drummond mal dissimulado (que ele me perdoe), mas me pareceu que é um bom retrato da mediocridade atual.

O gato pardo


Nasci pardo
Nem claro, nem escuro
Antes obscuro

Não carrego o fardo do homem branco
Nem a canga do escravo
Brando é meu fado

Sem a ginga do negro
Sem o enfado do branco
Só a pinga nos concilia

Tenho duas mãos esquerdas
E  muito me preocupa o mundo
Mas estou cansado

De tanto ver triunfar as nulidades,
de tanto engolir sapos,
de tanto afogar as mágoas
Me dá uma preguiça...

Esquerda
Direita
Meia volta, volver
Vamos aos trancos e barrancos
Negros pardos e brancos

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