Escrito nos raros momentos de folga de uma jornada fatigante.

Consulte o dicionário do cinismo, no rodapé do blog.

Divulgação literária e outros babados fortes

Versos cretinos, crônicas escrotas e contos requentados. O resto é pura prosa.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

A morte do Grande Irmão


RIO - A julgar pelos números divulgados pelo governo norte-coreano, as homenagens públicas ao ditador Kim Jong-il estão entre as cerimônias fúnebres mais concorridas da História. De acordo com as autoridades, cerca de 5 milhões de pessoas se reuniram diante de retratos e estátuas do Querido Líder na capital, só nas primeiras 48 horas. Considerando-se a população do país de aproximadamente 24 milhões, quase um quinto dos norte-coreanos - e isso só na capital - já teria prestado suas últimas homenagens ao homem que nos últimos 17 anos os manteve sob o ferrolho de um dos regimes mais fechados e repressivos do planeta.

As cifras divulgadas pelo governo norte-coreano saltam mais aos olhos quando comparadas com a população de Pyongyang: 3,2 milhões de pessoas, segundo dados do censo de 2008. Num país onde o transporte público é precário, 104 mil pessoas estariam passando por hora - dia e noite - diante das estátuas e retratos de Kim Jong-il: 29 por segundo.

Tais números deixariam no chinelo os funerais de outras personalidades da História recente. No velório público de John Kennedy, em 1963, 250 mil pessoas se despediram do presidente americano durante 18 horas - uma média de 13.900 por hora, e apenas 3,8 por segundo. Já a idolatrada princesa Diana levou três milhões às ruas de Londres em seu funeral em 1997. Outra figura pranteada pelas massas foi o Papa João Paulo II, cuja morte em 2005 entupiu as ruas de Roma e do Vaticano com entre 2 milhões e 4 milhões de fiéis.

Nada que se compare, pois, ao Querido Líder. No ritmo divulgado pelas autoridades norte-coreanas, até o dia 28, data do funeral, quase toda a população do país já o terá homenageado. Mais um recorde para um líder que, segundo a propaganda oficial, foi saudado não por um, mas por dois arco-íris no céu no dia de seu nascimento.

sábado, 24 de dezembro de 2011

35 Anos da Chacina da Lapa



Fiz duas reuniões nesta casa da Lapa, quando era da UNE. Reconheci a mesinha de centro que aparece nas fotos.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Conto de Natal

Quando o conto foi escrito, o salário mínimo era de R$ 260,00. O Natal continua o mesmo.

Conto de Natal

O Sr. Erany informa que tem 67 anos, é aposentado e sustenta um filho epiléptico e uma mulher “com paralizia”. Nada disso é relevante para o processo em tela, mas ele, com aquela educação das pessoas humildes, acha que é necessário se apresentar e explicar minuciosamente sua história.
Tudo está informado em uma folha de papel almaço, com letra irregular e surpreendentemente legível, apesar de tremida. Aduziu que não encontra emprego, por causa da idade. Ganha R$ 260,00 de aposentadoria, o que mal deve dar para os remédios. Isso ele não revela, com aquele resto de pudor que ainda mantém.
Inicia nomeando o cargo da autoridade competente, precedido pelo indefectível Sr. Dr Fulano de Tal. O assunto é a sua inscrição em dívida ativa. A origem do débito é explicada com singeleza: para aumentar os seus proventos, montou uma barraquinha de ambulante, tudo legalizado, segundo ele. Mas assim não entendeu o fiscal municipal de postura, que lavrou o competente auto de infração. Ainda segundo ele, a multa o deixou “decepissionado”.
Não há dúvida de que o estilo é o homem. Logo à frente, pondera que a razão do não pagamento é “porque, talvez, ele não tinha dinheiro”. A frase é toda uma vida. Usa-se um eufemismo para não ofender tão alta autoridade com problemas tão prosaicos. Reconhece a obrigação de pagar e não cogita em argumentar que ela é injusta - todo o seu argumento é “ad misericordiam”.
O Sr. Erany é um daqueles homens bons, que acredita no poder de uma boa conversa, com jeitinho, sem forçar a barra. Até se excede um pouco, afirmando que, “com certeza”, o Doutor veio das classes humildes. Talvez isso fosse verdade no seu tempo, em que o filho da lavadeira começava como contínuo e ia galgando, degrau por degrau, a hierarquia do serviço público.
Os tempos agora são outros. A Carta Magna de 1988 acabou com os privilégios e decretou a igualdade de todos perante a lei. A nomeação para os cargos de carreira se faz através da aprovação em concurso público. Quero ver o filho da lavadeira, que estudou em escola pública, que escreve “paralizia” e “dessepicionado” chegar até aqui, onde eu cheguei.
Entretanto, o coitado persiste nesta crença e acha mesmo que a autoridade pode ser sensível ao seu apelo. Admitindo que o fosse, estaria cometendo crime de prevaricação se agisse contra a legislação em vigor, apesar do motivo humanitário. Tenho certeza que ele desconhece o que seja prevaricação.
Porque há o motivo. O Sr. Erany não mente. Sua exposição é uma peça inteira, consistente, uma aula de sociologia em uma única mísera lauda de papel almaço, meio amarelado. Acabo por admitir que no seu pedido há muito mais conteúdo do que no meu arrazoado. Esse meu estilo cartorial e pedante, cheio de polissílabos e de jargão jurídico, temperado com um latim macarrônico, acaba abafando as minhas convicções.
Em anexo, xerox da carteira de identidade e mais uma papelada: exames, atestados, etc. Já se acostumou a ter que provar que é ele mesmo, e que o que disse é verdade. Não perdi tempo olhando a sua foto.
Sou simpático à sua causa, não à sua figura. Ele me irrita com seus eufemismos, sua humildade, sua resignação. Indigno-me, por ele que não se indigna. Infelizmente, uma repartição pública é o lugar mais inadequado do mundo para indignações. Se o papel aceita o que se lançar nele, o papel dos processos é de um tipo especial, anti-séptico, apesar de ser freqüentado por ácaros, fungos e bactérias de todas as cepas. O chefe pode passar por alto um estilo não parlamentar, digamos assim, mas quer saber qual a motivação do despacho, o seu enquadramento legal. E é ele quem decide. Eu apenas emito um parecer, penso que acho alguma coisa, salvo melhor juízo.
É claro que indeferi de pleno o pedido, por carecer de embasamento legal. Não, não fiz nenhuma subscrição entre os colegas. O Sr. Erany que se vire para pagar a multa. Porque ele vai pagá-la, pobre não sabe sonegar e perde o sono se ficar devendo. Que seja às custas do remédio da mulher, ou do filho, pouco se me dá. A caridade não é uma das minhas virtudes. Sinto muito, não sou cristão.
Não, também não convoquei o Sr. Erany à repartição. Ele provavelmente não me escutaria. Que adiantaria eu lhe dar uma aula sobre a injustiça das taxações em geral, e desta em particular? Ele acabaria por me irritar ainda mais, pedindo para falar pessoalmente com o chefe, insistindo, querendo apenas um pouquinho de esperança.
Não há um final feliz possível para esta história. Mesmo que a multa fosse perdoada, ele continuaria, pobre, desempregado e doente. Porque sofre de câncer no fígado, conforme os laudos que anexou. Sua vida deve ter sido toda vivida nesta mesma toada, é tarde para mudá-la. É véspera de Natal e eu só queria achar um lugar neste mundo onde o ser humano fosse um pouquinho menos hipócrita e eu pudesse destilar a minha raiva sem maiores constrangimentos.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Os poetas de latrina


Antigamente os mictórios eram cobertos de poesia. Um tanto ou quanto escatológicas, influenciadas, talvez, pelo ambiente. Uma delas dizia:

òh que negro destino
Que triste sina
Ser poeta de latrina

Hoje li que o Deputado Protógenes vai propor uma CPI da Privataria. É uma bela jogada da base aliada. Vai tirar o foco das trapalhadas ministeriais. Se for para valer, será muito oportuna.
Há alguns problemas. Lula herdou boa parte da base aliada de FHC; será que este governo vai cortar na própria carne para extirpar os corruptos? Se ficar provado o dano ao dinheiro público e as irregularidades, este governo terá peito de reverter as privatizações? Os grandes grupos que foram beneficiados anteriormente, continuam sendo beneficiados pelo governo e são grandes contribuintes das campanhas. Será que a base aliada pode abrir mão desta grana e deste apoio?

Não sei porque, lembrei-me de uma destas frases de mictório que dizia: "Se és forte como um leão, arranque o que tens na mão!"
Ela é bem atual.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Sobre ratos e homens


Em 1945, o PCB, recém legalizado, lançou a candidatura de Yedo Fiúza a presidência. No fundo, queria a volta de Getúlio. A palavra de ordem era: Constituinte com Getúlio. A tentação do populismo é antiga, como se vê. Há pouco tempo, o PC do B lançou a campanha por um terceiro mandato para Lula. O fato é que choveram denúncias em cima do candidato, que foi apelidado por seus adversários de Rato Fiúza.
Muito tempo depois, num reunião para divulgar a história do partido, Lincoln Oest, Membro do Comitê Central do PC do B, me contou uma anedota. Certo dirigente havia procurado um operário que estava sem contato para engajá-lo na campanha.
Em quem você vai votar? – perguntou.
E o operário, meio ressabiado, respondeu: - vou votar no Rato.
Nestes tempos em que se debate quem é o rato mais gordo e quem comeu mais queijo, é oportuno refletir sobre a relação entre ética e política. Com certeza, nós não vivemos num mundo ideal. Aristóteles já havia dito que o mundo sublunar é o mundo da corrupção. Não dá para fazer alianças só com quem pode apresentar um atestado de bons antecedentes.
Para mim, dois critérios são importantes: a aliança deve ser feita em cima de programas e não de cargos; é preciso manter a independência política em relação aos seus aliados. A raiz das dificuldades que o governo Dilma está enfrentado está na sua política de alianças. Quando se raciocina apenas em termos eleitorais, acaba-se aliando a setores conservadores e de direita.
A conseqüência é o loteamento do estado, para contemplar estes aliados e o rebaixamento de seu programa. Os movimentos populares se desmobilizam, ao verem que as bandeiras mais avançadas não passavam de bravatas de campanha. Abre-se o caminho para o peleguismo e a cooptação.
Por outro lado, o governo se torna refém destes aliados. E o que é pior, assim que começam as denúncias de corrupção, setores de esquerda se vêem no triste papel de botar a mão no fogo pelas ratazanas. Podem sair chamuscados. Neste momento, deveria prevalecer o princípio da independência: o ratinho que cair na ratoeira deve se virar sozinho.
Para não correr o risco de defenderem quem está guinchando com o pedaço de queijo na boca, setores de esquerda partem para desqualificar a imprensa que denuncia. É a lógica das campanhas eleitorais. Nelas, diariamente, cai um monte de denúncias sobre os candidatos e seus aliados. Quem usar o seu tempo se explicando, ficará na defensiva. Parte-se então para o fogo cruzado. Os seus corruptos são mais corruptos do que os meus! Chumbo trocado não dói.
Como não dá para passar quatro anos usando esta retórica, acenam com a ameaça de golpe. Todos contra a PIG - o partido da imprensa golpista. Uma coisa é certa: como nas campanhas eleitorais, ninguém está interessado na moralidade pública. Trata-se de uma disputa política. A pergunta que não quer calar é: vale a pena comprar esta briga? Será que não é este o momento de repensar o modelo de alianças?

sábado, 26 de novembro de 2011

Um Monet e um autor desconhecido


Monet?

Autor desconhecido
Quando Jose Martí disse: "el arroio de la sierra me complace mas que el mar" será que pensou  num tranquilo riachinho em Campos do Jordão e foi fundo?


sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Natureza abstrata

Há aparências? Engano!



Blow-up, de Antonioni, antecipou a técnica: pegue uma foto inocente e amplie. No fundo, bem no fundo,
o inesperado. Comecei com a foto, aparentemente mal tirada, das águas de um riacho.



E cheguei neste Van Gogh.


.

domingo, 30 de outubro de 2011

Quem escreveu este trecho?

Esta situação foi sensivelmente alterada com o fechamento do Partido (1947), a cassação dos mandatos parlamentares (1948) e o acirramento da guerra fria no final da década de 1940 e início da década de 1950. A política cultural do PCB se tornou cada vez mais estreita e sectária. O crescimento do sectarismo no campo cultural no Brasil coincidiu com o amplo predomínio das idéias de Jdanov na política cultural soviética. Tivemos, então, o afastamento gradual de inúmeros intelectuais e artistas brasileiros do campo de influência comunista. Entre eles estavam Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Érico Veríssimo, Otto Maria Carpeaux. Àlvaro Lins, Alceu Amoroso Lima.
Um dos momentos mais dramáticos do processo de cisão da intelectualidade brasileira ocorreu durante a eleição da Associação Brasileira de Escritores, ocorrida em março de 1949. Surgiram, pela primeira vez, duas chapas: uma apoiada pelos comunistas e outra pelos setores liberais-democráticos. Da chapa de oposição liberal participavam Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Afonso Arinos de Melo Franco, Otto Maria Carpeaux entre outros – a grande parte deles havia assinado o manifesto de 1947 e apoiado os candidatos comunistas. Os intelectuais chegaram a entrar em confronto físico pela ata da reunião. O próprio Carlos Drummond de Andrade foi agredido. Os comunistas ganharam a eleição, mas a organização se esvaziou, perdeu seu caráter unitário – de frente única cultural – e toda importância que teve nos anos anteriores.
Intelectuais paulistas não comunistas, como Antônio Cândido e Sérgio Milliet, passaram a ser taxados pela revista Fundamentos de “escória cultural da terra, em que pontificam tarados, renegados, lumpens e até mesmo alguns retardados mentais”.  Um artigo emblemático desta fase foi o de Osvaldo Peralva, intitulado “Os intelectuais que traíram o povo”, publicado na revista Paratodos. Sobre Carlos Drummond ele afirmou: “anticomunista raivoso, para quem a lealdade jamais constituiu uma pedra no meio do caminho”. O crítico comunista Emílio Carréra Guerra, referindo-se ao grande poeta, escreveu: “Essa doença que lhes faz ver tudo negro, num mundo de problemas e contradições sem saída, é próprio de sua gente, da classe podre, arcaica, degenerada e moribunda”.
Magoado com a atitude dos comunistas afirmou o poeta Manuel Bandeira: “Houve um tempo em que vi com bons olhos os nossos comunistas (...) O episódio da ABDE me abriu os olhos. Hoje sou insultado por eles ao mesmo tempo em que sou tido como comunista por muita gente”. Drummond escreveu em seu diário: “eles pouco entendiam o nosso ponto de vista (...) A idéia de uma associação de escritores livres, sem direção sectária, parece inconcebível para eles, que, em vez de convivência pacífica, preferem assumir o domínio pleno da organização”. A crise se agravou ainda mais em 1956, quando no XX° Congresso do PCUS Krushov apresentou seu relatório secreto denunciando os crimes de Stálin. Este teve um impacto devastador sobre parcelas da intelectualidade partidária. O próprio Jorge Amado escreveu no jornal Imprensa Popular: “Sinto a lama e o sangue em torno de mim”. Vários intelectuais abandonaram o Partido ou foram afastados.

Eu acredito em Saci Pererê





.A proposta é do Aldo Rebelo. Para quem acredita que as denúncias relativas ao Ministério do Esporte são uma farsa, é normal acreditar em Saci Pererê. Já o Waak, agente do imperialismo ianque, está querendo introduzir o culto ao Grande Abóbora. O Jabour, num ato de racismo, disse que, com uma perna só, este aí era mais fácil de derrubar. O Saci declarou que não vê nada de mais em ter uma ONG onde figura como professor de capoeira.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

BAZINGA!

Dilma para Orlando: “Você fica”

Por Blog do Miro

Do sítio Brasil 247: Por volta de 17h00, na linha a partir de Manaus, a presidente Dilma Rousseff telefonou ao ministro do Esporte, Orlando Silva, para informar-lhe que, do ponto de vista dela, a crise que abalou a permanência do ministro no governo está superada. “Você fica”, cravou Dilma, para alívio e satisfação do subordinado. A presidente registrou ter sido informada da ausência da voz do ministro nas 13 mídias que Dias entregou hoje à Polícia Federal, com diálogos dele com assessores do Ministério do Esporte. Como o policial militar prometera dar um “nocaute” no ministro, mas não conseguiu apresentar sequer uma palavra dele de participação direta no suposto esquema de corrupção, a presidente concluiu que Orlando Silva é,
neste momento, muito mais vítima do que suspeito de uma situação.O telefonema da presidente foi interpretado nos meios políticos de Brasília, entre os quais a informação da ligação circulou, como um ponto final na crise. Além do alívio frente a tibieza das novas denúncias, contou também a posição do ex-presidente Luiz Inácio do Lula da Silva, contrário à demissão do ministro.Quase ao mesmo tempo em que recebeu a garantia da presidente de que continuará no cargo, o ministro do Esporte determinou a abertura de uma sindicância interna para apurar o conteúdo das denúncias de João Dias.

sábado, 22 de outubro de 2011

A novela da vida real

A novela da queda de um ministro tem uma liturgia. Ela envolve um roteiro geral, alguns personagens e núcleos que não variam muito. O final, todos já conhecem. 
A proposta de fazer uma novela no Ministério do Esporte apresenta alguns ingredientes novos, que podem elevar a audiência: primeira mulher presidente, Copa do Mundo à vista e um protagonista pouco conhecido, mas promissor, o PC do B.
O piloto foi a matéria de capa da Veja. A reportagem do Fantástico ampliou a audiência. Em seguida, houve um anticlímax, com o depoimento do Ministro na Câmara e a decisão da Presidente de mantê-lo. O que parecia ser um especial virou mini-série, podendo chegar à novela.
Há conflitos latentes e núcleos que ainda não apareceram para o grande público. Um exemplo é a briga PT x PC do B, concentrada no Distrito Federal. Agnello, por enquanto, tem sido coadjuvante. Sempre em viagem, sempre se esquivando. A trama começa no seu mandato como Ministro do Esporte do governo Lula. É aí que ele conhece João Dias Ferreira. Orlando Silva é seu secretário executivo. Agnello atualmente é do PT e foi eleito governador do Distrito Federal. Este núcleo fatalmente ganhará destaque nos próximos capítulos. Há muito ressentimento há ser explorado.
Outro núcleo que ganhará destaque é o próprio PC do B. O público está acostumado com partidos inorgânicos, dominados por clãs, em que o fogo amigo de um pode derrubar o outro. Pelo menos externamente, o PC do B age em bloco. Ele bancou seu ministro e se recusa a ser o vilão da história. Há uma cena, que o público não verá, em que a presidente perde o cargo e o ministro responde:
- o partido decidiu que eu só saio demitido e que Vossa Excelência terá que assumir o desgaste de admitir que a presunção da inocência é mero discurso.
- Neste caso, você está por sua própria conta. Não fui eu que o escolhi, não fui eu que escolhi o Agnello, o desgaste não será meu. Daqui para frente, eu e a Gleici assumimos as negociações da Copa, enquanto você tenta quebrar o recorde de permanência do Palocci.
Se eu fosse roteirista, este seria o diálogo. Acho que a direção cortaria. Novela não pode chegar tão próximo da vida real.
Estes seriam os primeiros capítulos. Toda boa novela improvisa a partir da aí, baseada nas pesquisas de audiência. Até agora, a maioria da população brasileira não está informada sobre a crise. Quem trabalha não lê a Veja, não assiste o Fantástico até tarde e não está ligando muito para política. A audiência nas classes D e E está muito baixa.
O que poderia alavancar  a novela para este público seria a tradicional cena do dólar na cueca, da montanha de dinheiro ou da mansão suntuosa. Para as externas, os roteiristas só dispõem de um sítio no meio do mato e de uma garagem. Com o contra-regra, até agora, só uma caixa de sapatos cheia de dinheiro. Não promete muito.
Os escritores sabem que uma trama muito abstrata perde audiência rapidamente. Vilão que se preze rouba para gastar com mulheres, carrões e mansões, não necessariamente nesta mesma ordem. Dinheiro desviado para comprar governabilidade, para garantir projetos de poder, para fazer caixa dois de partidos, não têm apelo popular.
Há uma gravação que promete, se o original aparecer. A cena dos dois bonequinhos, com a transcrição em baixo e aquelas faixas de freqüência subindo e descendo é um clássico. Uma alternativa, se a trama não puder ganhar profundidade, é investir na extensão. Existe material antigo no departamento de pesquisa sobre o PC do B, envolvendo a ANP e as diversas ONG espalhadas pelo país. Pode respingar em muitas candidaturas e campanhas municipais e ajuda a criar o clima de corrupção difusa.
Um núcleo que poderia amarrar muitas pontas seria o da antiga UNE. Por lá passaram várias lideranças do PC do B, o próprio ministro, sua mulher, e grande parte dos seus assessores. O elenco sofre limitações, porque alguns ex-militantes e ex-diretores da UNE se recusam a entrar nesta novela. Preferem ficar de fora, fazendo a crítica da dramaturgia palaciana.
Outro drama a ser explorada é o dilema shakespeariano da presidente. Ser ou não ser. Empunhar a vassoura e fazer a faxina? Ignorar a pecha de ingratidão filial e dizimar a cota pessoal do monarca que a nomeou sua sucessora? Ou sucumbir na mesmice da governabilidade, arrostando as flechas da imprensa inimiga?
Os roteiristas sabem que o gancho que garante audiência é a Copa. A presidente, a FIFA e a CBF são rivais. Há uma briga surda, que poderia ser mais explorada. O ministro e o antigo monarca se entendiam bem com os cartolas. A presidente não. O pobre ministro virou um joguete entre estas duas forças. Obrigado a adotar o discurso da presidente, sofreu o desdém da FIFA, que já o descartou como interlocutor. Esta técnica chama-se bater na cangalha para o burro entender. Do outro lado da cangalha, o burro retrucou. A presidente assumiu as rédeas da negociação. Uma das razões para manter o seu ministro é justamente esta, a de não ser pautada pelo adversário.
Como sempre, o público escolherá o final. Toda grande novela tem um elenco de escritores e não há como ignorar os roteiristas do PC do B. Eles estão escrevendo os capítulos sobre o PM. Este núcleo promete. Há uma antiga investigação da polícia, com direito a morte de agentes infiltrados e ameaças. O nome tem apelo: Operação Shaolin. Pode levar a uma reviravolta na trama, jogando o peso da culpa no esquivo Agnello. Pode também ser o estopim de um conflito maior.
O capítulo final pode ser a cena clássica, com direito a discurso de despedida emocionado de um lado e agradecimentos protocolares do outro. O formato ainda não está decidido: minisérie ou novela. Tudo depende da novela da vida real. De repente, um escândalo abafa o outro e a ciranda recomeça. Os roteiristas da Veja, costumam ser precavidos e só propõe uma nova trama quando têm assunto para pelo menos umas quatro edições.  Aguardemos.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Contra o vento, sempre

Texto publicado no blog Canto do Galo

22

de
 
agosto

Contra o vento, sempre!

por Priscila Oliveira

Entra rodada e sai rodada e nada muda no Galo. Da última vez que escrevi nesse blog, falava sobre a derrota para o Coritiba e, no íntimo, havia muita confiança em ventos favoráveis. Mas, a Massa continua é torcendo contra o vento mesmo. Sempre! De lá pra cá, o Atlético contabilizou mais duas derrotas. Uma contra o  Corinthians, depois de estar vencendo por 2 a 0 e, mais uma contra o Botafogo, desta vez pelo Campeonato Brasileiro. E lá vem mais Botafogo por aí. Uma verdadeira overdose! Esse time deveria sumir do mapa!

Ou melhor, o Atlético é quem deveria sumir com o elenco e diretoria do mapa. Eita povinho ruim de serviço sô! Quando você pensa que uma contratação vai vingar, está lá o jogador novamente no DM (vide atacante André). De outros que chegam ao elenco, você já não espera nada como Marquinhos Cambalhota. Marquinhos quem? Procura aí no Google torcedor.

Vem zagueiro de Seleção e não resolve, vem volante campeão do mundo e não resolve, outros jogadores cobiçados por todos os times do Brasil e também não, vem atacante de ofício que jogou no outro time da cidade, e aí é que não resolve mesmo. Esse custou caro, resta torcer! Os atletas da base que costumavam dar alegria andam ofuscados pela má fase (corriqueira).

Troca de técnico não resolve. No caso do Alvinegro, até piorou porque antes, ás vezes, a equipe empatava. Mas, agora como é que faz se o time não ganha uma com o novo comandante? Vai dispensar de novo? Quem vem?

Sugestões? A primeira delas Levir Culpi mas, bem que poderia ser Marcelo Oliveira. Muitos anos dedicado ao Atlético. Este conhece a essência atleticana. Faz um belo trabalho no Coritiba, campeão paranaense, vice da Copa do Brasil e 10º colocado no Brasileirão. Ah, mas o Atlético nunca deu valor em técnico da casa. Sabedor disso, por ter sentido na pele certa rejeição, quem dirá que Marcelo vai, ao menos, considerar a hipótese de deixar o Coxa? Deixar um Clube organizado, onde tudo tem fluído normalmente, onde é querido e respeitado para vir treinar um time descompromissado, sem profissionalismo e com um descontrolado na presidência? Acho difícil!

Tem também o Micale, treinador do time Júnior do Galo. Na atual conjuntura investir em alguém que conhece o Clube desde o nascedouro de atletas não seria nada mal. De quebra, já poderia subir para o profissional e levar um time campeão da Taça BH de futebol Júnior junto com ele.

Mas, nem em sonho isso é possível de acontecer. Ou, só em sonho! É preciso parar de sonhar e voltar à realidade. Com a má vontade do atual elenco atleticano, nem o mestre Telê se ainda tivesse vivo conseguiria bons resultados com esse amontoado de jogadores, muito menos o Mourinho se quisesse fazer história no futebol brasileiro.

A coisa está feia! E parece que um filme começa a passar novamente na cabeça de cada torcedor alvinegro. Difícil saber de onde virá uma reação. Por muito tempo, apostei que essa viria do zagueiro e, na maioria das vezes capitão do time, Réver. Mas, depois da expulsão deste, no jogo contra o time da Fiel, começo a duvidar.

Se troca de treinador, já é fato, não adianta muito, quem sabe uma troca na presidência? Acordamos tarde para as lambanças de Kalil. Ele sair ou tirá-lo agora, seria como um prêmio e não uma punição pelo mal que tem feito ao Clube. Colocou o Galo na lama, agora tira! Por falar nele, onde está? O Clube na ZR e ele some?

Se alguém encontrar com o tal, mande notícia sobre como anda a situação do Atlético que ele dizia que iria ser Campeão Brasileiro em sua gestão. Fale também do sentimento de desesperança da Massa. Pergunte sobre como o pai dele se sentiria se o visse gerir o Atlético. Diga que o time está na ZR e tem grandes chances de terminar o 1º turno na lanterna. Aliás, é o Clube brasileiro, que desde a ‘era’ dos pontos corrido, mais frequentou essa zona. Puxa a fila da vergonha! Foram 77 rodadas na zona de rebaixamento em 8 campeonatos Brasileiros, série A, desde 2003. Dói citar 2006.

Saudades da época do mata-mata que, por algum motivo o Galo sempre figurava entre os melhores. Não levava, mas chegava. Era pouco? Hoje se tem menos ainda.

É preciso atitude profissional, antes da raça e do sangue.

Saudações Atleticana!!

domingo, 17 de julho de 2011

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Relembrando Luiz Lyrio

Da esquerda para a direita: Maria Helena Lyrio, irmã do homenageado, eu e Clevane Pessoa. Os lírios foram trazidos por Clevane. Era como se, de certa maneira, o Lyrio estivesse ali.


O texto abaixo foi publicado logo após a morte do Luiz.

Fomos contemporâneos de Colégio Estadual. Ele no Clássico, eu no Científico. Isso foi no tempo em que o vestibular era feito por escola: para entrar na Escola de Engenharia, se fazia o vestibular de engenharia. As matérias eram Matemática, Física, Química e Desenho Geométrico. Quem preferia História, prestava vestibular para o Curso de História, da Faculdade de Filosofia, na Rua Carangola. Não sei quais eram as matérias cobradas.
Luiz optou pelas Ciências Humanas e eu, pelas desumanas. O sistema era muito complicado e foi substituído pelo atual vestibular.
O Colégio Estadual era famoso pela sua participação no movimento estudantil secundarista. E por sua efervescência cultural. Henfil foi meu contemporâneo. Os irmãos Amilcar e Roberto Martins também. Luiz participava ativamente do movimento estudantil. Eu tinha uma participação mais discreta. Empregava a maior parte das manhãs, jogando xadrez no salão do barbeiro Renard, e das tardes, jogando no Clube de Xadrez de Belo Horizonte, na Rua Carijós.
Isso foi em 1966, 67. Veio 68, o ano que já acabou, e perdi contato com o Luiz. A sua trajetória, assim como a de muitos amigos, foi narrada no seu livro “Nos idos de 68”. Ficamos quase quarenta anos, separados pelo tempo e pelo espaço. Foi justamente esse livro que acabou nos reaproximando.
Nesse meio tempo, Luiz seguiu lutando em duas frentes: como professor de História e como escritor. Escreveu um livrinho sobre a organização dos Grêmios Escolares, que deve ter ajudado muito o movimento secundarista a se reorganizar.
As reviravoltas da vida, que dispersaram aquela geração, foram nos endurecendo. Luiz continuou extremamente suscetível. Um comentário inocente, uma brincadeira de mau gosto, a mínima hostilidade, o abatia. Tinha aversão à burocracia. Quase todo ano, nos últimos dias de prazo, eu o ajudava com a sua declaração de imposto de renda. Com dois salários de professor, não haveria renda a tributar, se o nosso sistema fosse mais justo. Mesmo assim, não escapava da dentada do Leão.
Luiz tinha um olhar diferente, que o tornava um grande cronista. Seus contos nutriam-se da própria vida. Seus casamentos, seus amores, seus desenganos. Alguns eram simplesmente catárticos. Outros, quando ele conseguia se sobrepor ao sofrimento, eram deliciosos. Lembravam um pouco Gógol, de O capote e principalmente de O nariz.
Há um, meu preferido, A meio pau, que narra as desventuras de um órgão que escapa de seu dono. Ele jura que nunca leu O nariz. Eu acredito. A mesma sensibilidade fez com que Machado de Assis escrevesse “O Alienista” e Tchekhov “A enfermaria número 9”.
A elaboração de “Nos idos de 68” foi trabalhosa. Exigiu muita pesquisa histórica, muita leitura de periódicos da época. Luiz brincava dizendo que não tivera a sorte de ter sido torturado. Reclamava da imprensa e da televisão, que só queriam entrevistar os medalhões que haviam sido presos, torturados e até exilados. Sentia-se excluído. “Nos idos de 68” conta a história do ponto de vista da massa que participava dos movimentos estudantis. Esse é um dos grandes méritos do livro.
            É pena que essa suscetibilidade o tornasse inseguro. Luiz queria ser lido, preocupava-se bastante com a reação do leitor. Há um público que espera que todo conto seja uma espécie de fábula moral, com personagens bonzinhos, retratando fielmente a realidade. E com um final edificante. Esse não pode ser nosso referencial.
Ele sofreu um choque, quando a publicação de “Nos idos de 68” acabou coincidindo com a morte trágica de um amigo em comum, que também participava do movimento estudantil. Sentiu-se culpado, talvez porque esse amigo não fosse retratado sob uma luz muito favorável. Entrou em depressão e foi internado no Hospital do Ipsemg.
Foi justamente aí, que a vida nos reaproximou. Eu estava na Receita Federal, do outro lado do Parque Municipal e acabara de conhecer uma grande amiga, Clevane Pessoa. Pesquisando sobre 68, para um romance que vivo escrevendo, soube do livro de Luiz. Clevane, que também era sua amiga, contou-me onde ele estava. Fui visitá-lo e passamos a nos ver com freqüência.
Foi o período da Revista Estalo, que promoveu concursos e lançou inúmeros poetas e escritores. Pela primeira vez, fui publicado em papel. A proposta era um tanto quixotesca e a revista acabou fechando, como tantas outras. Luiz lançou mais alguns livros, pagos pelo próprio bolso: “Marcas de Baton”, “Abdução”, a nova edição de “Nos idos de 68” e “Vida depois da morte”.
Eu era um pouco o seu Sancho Pança, ainda que ele não tivesse o físico do Cavalheiro da Triste Figura. Luiz não compreendia por que eu não me interessava em ser publicado, já que tinha dinheiro para bancar uma edição. Dizia que eu tinha obrigação de mostrar ao mundo a minha produção. Ser lido era um dever do escritor. Eu argumentava com o esquema cada vez mais mercantilista da literatura, com o número crescente de analfabetos funcionais, com a concorrência desleal das outras mídias. Dizia para ele: Luiz, meu amigo, seja menos Lyrico e mais Paulada. Não adiantava, ele seguia inconformado com o estado de nossas letras.
Mudou-se para Aracaju, em busca de ares mais amenos. Continuamos a nos falar pela Internet. Volta e meia, eu entrava no seu blog para deixar um comentário provocador. Nos últimos tempos, ele voltara a publicar um tablóide, Estalo, participava ativamente de vários movimentos culturais e parecia mais feliz. Infelizmente a saúde não ia bem. Havia sofrido três AVC e estava diabético. Fora fumante por muito tempo. Como a vida não é uma história com final feliz, morreu de câncer linfático, que não tem relação alguma com o fumo ou com a obesidade.
Antes de ele morrer, nos reencontramos no mesmo Ipsemg, numa quarta-feira. No domingo anterior, estava em Sete Lagoas, passando raiva com o meu Galo, quando o celular tocou. Era o filho André, contando que ele estava internado em estado grave. Na saída do jogo, falei com o próprio Luiz. A ligação estava toda cortada.
Minha mãe estava internada no Semper, pertinho do Ipsemg, com pneumonia. Na segunda, não tive tempo de visitá-lo. Na terça, cheguei quando o horário de visita havia terminado. Na quarta, conversamos um bom tempo. Foi a última vez que o vi. Achei que ele estava bem. Prometi que o veria sempre, embora, talvez, não pudesse ir todos os dias. Não pude voltar na quinta e nem na sexta. No fim de semana, seu filho me contou que ele estava no Otaviano Neves. Recebi a notícia de sua morte na segunda.
Luiz Paulo foi um batalhador abnegado. Lutou toda sua vida em defesa da cultura e da educação. Pagou com sua saúde e uma situação financeira precária. Não teve o sucesso que merecia, mas foi querido pelos que o conheceram de perto.
Se houver um outro lado, é justo que ele tenha um destino melhor. Imagino um céu dos escritores, onde não haja imposto de renda e nem Serasa. Onde as edições sejam em capa dura e papel couché e não custem um centavo. Onde não passe o BBB na televisão, só programas culturais. Onde seja proibida a entrada dos pitbulls de duas e de quatro patas. Onde os tablóide não falem de futebol e nem de crimes, só de lançamentos e resenhas de livros. Uma ou outra foto de uma beldade seminua, porque ninguém é de ferro. Onde o escritor tenha sempre um photoshop amigo. E as gostosas também. Onde o Luiz possa pitar seu cigarro, comer um tropeiro com bastante torresmo, precedido de uma pinga de Salinas, sem temer enfisema, colesterol, diabetes e balança. E numa roda de amigos, comentar com o Maurício, dando uma risada gostosa: esse Marco só escreve bobagem. Essa história de céu é um plágio barato do Brancalleone.
Sossega e aproveita, Luiz.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Abaixo assinado

O Grupo Documento Ditadura, do qual faço parte, lançou este abaixo assinado, que repasso aqui.
Este é o link/

domingo, 12 de junho de 2011

Kadafi é um capivara!

O tabuleiro é de brinquedo, não há relógio e colocaram um peão branco ao lado do tabuleiro para simular que Kadafi efetuou um gambito. Todas as suas peças estão na primeira linha, ao contrário de seu oponente, que parece estar em vantagem no desenvolvimento. A posição foi montada. Tudo isso para passar a imagem de um grande estrategista, que está absolutamente tranquilo quanto ao desfecho dos acontecimentos. Para quem joga xadrez, ficou claro que Kadafi é, na melhor das hipóteses, um  grande capivara, gíria enxadrística que significa pixote, cabeça-de-bagre, principiante. Se no campo de batalha sua estratégia for a mesma que usa no tabuleireiro, vai levar mate em poucas semanas.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Cara de Palhaço

Palhaçada
Miltinho
Composição : Haroldo Barbosa/Luiz Reis
Cara de palhaço
Pinta de palhaço
Roupa de palhaço
Foi este o meu amargo fim;

[Esta é a parte que o ex-ministro canta no seu discurso de despedida]

Cara de gaiato,
Pinta de gaiato,
Roupa de gaiato,
Foi o que eu arranjei pra mim.

[A roupa de gaiato pode ser interpretada como uma alusão àquele uniforme de listas verticais. Dá um novo significado à expressão entrei de gaiato]

Estavas roxa por um trouxa
Pra fazer cartaz,
Na tua lista de golpista
Tem um bobo a mais

[Esta é a parte em que ele se dirige à imprensa gol[pista]

Quando a chanchada deu em nada
Eu até gostei
E a fantasia foi aquela que esperei.
Cara de palhaço
Pinta de palhaço
Roupa de palhaço
Pela mulher que não me quer,

[Quem seria a mulher que não o quer mais?]

Mas se ela quiser voltar pra mim
Vai ser assim,
Cara de palhaço,
Pinta de palhaço
Roupa de palhaço
Até o fim!!!

[Um dia ele volta, eles sempre voltam]

Miltinho que me perdoe, Haroldo Barbosa e Luiz Reis também, mas foi por uma boa causa.