Escrito nos raros momentos de folga de uma jornada fatigante.

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Divulgação literária e outros babados fortes

Versos cretinos, crônicas escrotas e contos requentados. O resto é pura prosa.

sábado, 30 de outubro de 2010

Se Lula é de esquerda, minha avó é o prédio do Ministério da Fazenda

Lula faz elogios a Médici e Geisel durante cerimônia

Plantão | Publicada em 23/04/2008 às 16h44m
Chico de Gois - O Globo
BRASÍLIA - Em discurso na cerimônia do 35º aniversário da Embrapa, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogiou nesta quarta-feira os governos dos generais Emílio Garrastazu Médici (1969-1974) e Ernesto Geisel (1974-1979), ambos do período ditatorial. Segundo o petista, foi no governo de Médici que, "apesar de tudo", foram criadas a estatal de pesquisa agropecuária e a hidrelétrica de Itaipu.
- É com orgulho que as pessoas às vezes falam: "Lula defende o governo Geisel". Não podemos ficar julgando eternamente as pessoas por um gesto ou dois, e não pelo conjunto do que fizeram - disse Lula.
Foram só um gesto ou dois, mas como doeram! As perguntas que não querem calar; com que moral, a esquerda lulista vai continuar dizendo  que o nosso ex-presidente é de esquerda? Com que moral irão cair de pau na Folha de São Paulo, que chamou a ditadura militar de ditabranda?

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Lula disse que não é de esquerda. Eu acredito nele!

Jaime Leitão - Publicado em 15.12.2006

Ultimamente eu tenho me contido nas críticas ao presidente reeleito Lula, esperando que ele diga ou faça algo que me permita elogiá-lo, mas está difícil. Essa última declaração dele provocou reações indignadas merecidas. Em evento em homenagem a ele, promovido pela revista “Isto É”, que entregou a Lula o título de “Brasileiro do ano”,Lula disse: “Se você conhecer uma pessoa muito idosa de esquerda, é porque ela tem problemas...Aos 60 anos, a gente se transforma no caminho do meio”. Lula já havia dito no começo do seu mandato que nunca foi de esquerda, justo ele que foi votado maciçamente por eleitores de esquerda.
A reação veio a jato. O geógrafo Aziz Ab`Saber, de 82 anos, desabafou: “Meu silêncio é a minha crítica aos disparates desse governo”. Hélio Bicudo, advogado e ex-petista, de 84 anos, reagiu: “Sou mais de esquerda hoje do que quando tinha 60 anos”.
Jaguar, um dos nossos melhores cartunistas, não se conteve: “Lula está gagá. Ele pega o poder com a mão esquerda e depois faz o resto com a mão direita”. Essa afirmação tem a ver com os elogios repetidos que Lula tem feito a Delfim Netto, sinalizando claramente que ele está muito mais para a direita do que para a esquerda.
O senador reeleito, Eduardo Suplicy, do PT, falou: “Uma coisa é você ter maturidade aos 60 anos e outra é perder os ideais de justiça, de igualdade e liberdade. Eu, por exemplo, tenho 65 e, se me perguntar, digo que sim, sou de esquerda”.
O sociólogo Chico de Oliveira não deixou por menos: “O camaleão é um bicho que se adapta a qualquer ambiente, e isso porque é fraco...Isso se aplica ao Lula. Ele é um camaleão porque ele é fraco politicamente, ideologicamente e intelectualmente...Tenho 73 anos, e continuo de esquerda , com muito orgulho”.
Ao afirmar isso, Lula ataca a própria construção da sua candidatura, embasada em um discurso de esquerda que foi se enfraquecendo à medida que ele passou a governar, atrelado ao sistema econômico de uma forma ainda mais ferrenha que o seu antecessor FHC. E a reação não veio da oposição, mas de intelectuais e de setores que representam justamente a esquerda que cobra o mínimo de Lula: coerência em relação ao seu passado, o que ele não vem demonstrando já há um bom tempo.
A socióloga Maria Victoria Benevides foi enfática e irônica: “Quando li a declaração do Lula, pensei: “Tenho de ir ao médico urgentemente. Continuo na esquerda no sentido de Norberto Bobbio, que disse que a diferença entre a esquerda e a direita é que a esquerda luta por justiça social e a direita quer manter o status quo. Acho que foi uma indelicadeza do presidente”
Um presidente deve manter vivo o compromisso com o seu passado, com a sua história. Ele tem dito tanto que quer entrar para a história. Mas dessa maneira? Lula se empolga quando está diante de empresários e perde o senso.

Dilma e a fé Cristã

Minha avó Chiquinha era uma mulher de poucas luzes, embora muito sábia, à sua maneira. Vários de seus netos foram perseguidos durante o regime militar. Meu primo Apolo se exilou e eu fiquei 9 anos clandestino.
Assim que retomamos  nossa vida normal, ela nos chamou ao seu apartamento no conjunto IAPI, em São Cristóvão. A salinha pequena estava cheia de familiares. Minha vó nos esperava com uma pergunta: - vocês acreditam em Deus?
Meu primo respondeu: - acredito que há um Deus em toda a parte, inclusive em nós mesmos ... blá, blá, blá .... alguns O chamam de inteligência superior .... blá, blá, blá ... mas o importante é ... blá, blá, bla´... porque a religião não garante que a pessoa seja honesta .... blá, blá, blá. Minha avó fez igual ao gato do Wiskas - só escutou: eu acredito em Deus. Suspirou aliviada e olhou para mim.
Com toda diplomacia, tato e sutileza, que me são peculiares, eu respondi:
- Não.
Vó Chiquinha, coitada, murchou.
Essa é a resposta que eu gostaria de ouvir da Dilma. Aliás, eu gostaria que ela dissesse com todas as letras que o Estado Brasileiro é laico e que a convicção religiosa não deve interferir na escolha de seus dirigentes. Perderia muitos votos, não ganharia o meu, mas colocaria a discussão nos devidos eixos.
Não sei por que, lembrei-me de Vó Chiquinha quando li o artigo de Frei Beto  “Dilma e a fé Cristã”. Selecionei alguns trechos: “Ex-aluna de colégio religioso, dirigida por freiras de Sion, Dilma, no cárcere, participava de orações e comentários do Evangelho. Nada tinha de marxista atéia.” Ex-frequentador de Centro Espírita, batizado na crença protestante, vou a missas de sétimo dia, casamentos e batizados. Tenho cara de marxista ateu até hoje. 
Frei Beto não disse: Dilma continuou católica.
Ele vai mais longe: “Nossos torturadores, sim, praticavam o ateísmo militante ao profanar, com violência, os tempos vivos de Deus...” Engraçado, a vida todo eu pratiquei errado o ateísmo militante. Agora é tarde, vou continuar com a minha versão.
Prossegue Frei Beto: “... posso assegurar que não passa de campanha difamatória, diria, terrorista – acusar Dilma Roussef de “abortista” ou contrária aos princípios evangélicos.” De novo ele não disse: Dilma é contra a descriminalização do aborto. Seria chato desmentir declarações anteriores dela.
“...Ninguém é dono da verdade. Nem tem o direito de julgar o foro íntimo do próximo.” Julgar implica condenar. Discordar significa  reconhecer na posição do outro posição diferente da sua. Meus amigos católicos nunca sentiram necessidade de ocultar sua religião e nunca se aborreceram quando eu discordei, filosoficamente, de sua opção. E vice-versa.
“Dilma, como Lula, é pessoa de fé cristã, formada na Igreja Católica.” Até que fim, uma declaração conclusiva e absoluta. Ledo engano. Ele continua relativizando suas afirmações. ”É na coerência de suas ações, na ética de procedimentos políticos e na dedicação ao povo brasileiro que políticos como Dilma e Lula testemunham a fé que abraçam.”
Santa ingenuidade a minha. Prestes, Amazonas, Marighella e tantos outros eram cristãos! E eu que pensava que o católico testemunha a sua  fé freqüentando uma igreja, participando de seus sacramentos e seguindo a Bíblia. Como o comunista testemunhava sua militância participando de um organismo do partido, obedecendo ao seu estatuto e pagando a sua contribuição.  Realmente, eu sou uma pessoa muito apegadas às exterioridades.
“Em tudo o que Dilma realizou, falou ou escreveu, jamais se encontrará uma única linha contrária ao conteúdo da fé cristã e aos princípios do Evangelho.” Cáspite. Essa foi forte. Em grande parte do que eu realizei, falei ou escrevi, espero que encontrem muita coisa contrária ao conteúdo da fé cristã e aos princípios do Evangelho. Espero também me  encontrar com Marx no inferno, se existir um. Quero ficar longe de Dilma, que certamente estará no céu,  em cima de uma nuvem, junto com os santos, tocando harpa para  Jesus.
Por último, Frei Beto pontifica: “Jesus se colocou no lugar dos mais pobres e frisou que a salvação está ao alcance de quem, por amor, busca saciar a fome dos miseráveis, não se omite diante das opressões, procura assegurar a todos vida digna e feliz. Isso o governo Lula tem feito, segundo a opinião de 77% da população brasileira... Dilma, se eleita presidente, prosseguirá na mesma direção.”
Perguntas que não consigo calar: Os 23% que não aprovam o governo Lula são ateus? Se Serra ganhar, ele será mais cristão do que Dilma? O milagre da multiplicação dos pães foi uma antecipação do bolsa família? Em quem os muçulmanos devem votar?
Eu admiro o tato, a diplomacia e a sutileza de Frei Beto. Como não sou o Gato da Wiskas, só prestei atenção ao que ele não disse. Ele esticou tanto o conceito de cristianismo, que o tornou irrelevante. Espremendo-se tudo, chega-se à conclusão, deixando de lado os exageros, que Dilma, segundo Frei Beto, sempre agiu em prol do povo.
Ele só não disse: Dilma acredita em Deus. E olha que o artigo se chama Dilma e a fé cristã. Esperava que, depois de lê-lo, poderia responder conclusivamente se Dilma é, ou não, atéia. Fiquei sem resposta. Ou melhor, como não sou cristão, continuei com minha convicção anterior. 

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O Fantasma de Maliuta



Ogun Iye patakori! Salve Ogun, o cortador de cabeças! Grigóri Lukiánovich Skurátov-Biélski (Григо́рий Лукья́нович Скура́тов-Бе́льский), vulgo Maliuta Skurátov, está baixando.  Gricha é filho de Ogun e andou cortando umas cabeças, lá pelos idos de 1570.
A Wikipédia traz umas poucas linhas sobre Maliuta. Informa que ele desencarnou em 1573, assassinado, e que foi um dos líderes mais odiados da Opríchnina, durante o reinado de Ivan IV.
Este último foi imortalizado por Eisenstein, no filme Ivan o Terrível. Para combater os boiardos e a Igreja - as elites da época, o Tsar criou a Opríchina – um governo paralelo, com terras, orçamento e exércitos próprios. Maliuta fazia parte da tropa de choque, os oprichniks, a polícia secreta de  Ivan.
O Tsar, em nome da governabilidade, havia sido obrigado a fazer um acordo com a Igreja, comprometendo-se a não mais cortar cabeças dos nobres que conspiravam contra ele. Maliuta não seria mais do que um verbete esquecido na lata de lixo da história, se não fosse uma cena antológica do filme. Vendo que a oposição não deixava seu amo em paz, ele se ajoelha aos pés de Ivan e promete que vai ser o seu cãozinho fiel, o seu sabujo. Maliuta irá na frente, fazendo o trabalho sujo, cortando as cabeças, sem que seu dono precise saber.
Depois de desencarnado, o espírito de Maliuta evoluiu muito pouco. Ultimamente ele anda assombrando o mundo virtual. Antes do segundo turno, era evidente que Marina andava tirando votos da Dilma. Maliuta baixou e começaram a surgir matérias acusando a candidata de ser conivente com o esbulho do conhecimento de uma tribo indígena  sobre a biodiversidade. O vilão era a Natura, empresa do vice de Marina.
Antes, Maliuta já havia baixado do outro lado, produzindo uma série de acusações contra Dilma, que incluíam roubo, assassinato e outras coisinhas mais. A última de Maliuta foi na questão do aborto.
Maliuta é um espírito inferior e malicioso, que não quer que os outros evoluam. Por isso ele insiste na tese que há um bem maior, que os fins hão de justificar os meios, em suma, que é preciso que alguém faça o serviço sujo.
Tenho amigos que vão votar na Dilma e cujas opiniões políticas eu respeito. Eles me enviaram uma série de artigos reclamando dos cavalos de Maliuta. Meu voto é aberto: voto no Zé Maria no segundo turno. Enfim, sou mais ou menos isento para me posicionar sobre a questão do aborto.
Pessoalmente, sou a favor da descriminalização do aborto. Essa era a posição da Dilma, quando foi perguntada sobre o tema no debate da Folha. Em matéria religiosa, sou ateu desde criancinha. Acredito que Dilma também é. Desde que Fernando Henrique perdeu uma eleição para Jânio, depois de ter afirmado na televisão que não acreditava em Deus, não existem mais políticos ateus nesse país.
Alguns e-mails que recebi reclamam que a campanha virou guerra. É verdade. E a primeira vítima numa guerra é a verdade. Dilma reclama que estão retrocedendo 100 anos ao criar de novo uma questão religiosa. Não reclamou quando a rede Record do Bispo Macedo a apoiou. Reclama de boatos maliciosos. A declaração dela sobre a legalização do aborto foi pública. O PT reclama da Folha, que abasteceu a campanha contra as privatizações de FHC com uma cobertura exaustiva. Reclama da Rede Globo, que apoiou boa parte do governo Lula. Reclama das elites e da direita e exclui Sarney, Maluf, Collor e companhia dessa lista. Aponta como golpista qualquer tentativa de derrotar Dilma nas urnas. Enfim, reclama que Serra está fazendo campanha e que a direita que não apóia o PT continua sendo de direita. Desculpa de aleijado é bota ortopédica.
A Coréia do Norte é inimiga dos Estados Unidos. Bush a colocou no eixo do mal. Eles acabam de promover Kim Jong-un, o filho mais novo de Kim Jong-il, neto de Kim Il-sumg, a general. Ele é o continuador da dinastia Kim. Não há encosto de Maliuta que me faça defender o regime coreano. Aliás, dizem que ele é ótimo para emagrecer. Da mesma maneira, não vai ser a lógica “os inimigos de meus inimigos são meus amigos” que me fará apoiar Dilma.
Olhando de uma perspectiva histórica, até onde posso ver, não haverá mudança significativa na macroeconomia, qualquer que seja o eleito. Se quiserem me convencer do contrário, apontem as diferenças. Nenhum dos dois candidatos, até agora, falou o que espera do Brasil quando ele crescer. Não dá para comparar números do governo FHC com os do governo Lula, a não ser para efeitos propagandísticos. Infelizmente, a nossa economia está completamente atrelada às flutuações da economia mundial e essas são suficientes para explicar os números melhores de Lula.
Lula continuou a política de responsabilidade fiscal, aprofundou as reformas da previdência, não voltou atrás nas privatizações, continuou com os programas assistencialistas de FHC e manteve os rumos do política monetária do Banco Central. No plano político, manteve a essência da base aliada de FHC. Se olharmos para o mapa do primeiro turno, veremos uma reedição da eleição de Collor, com as cores trocadas. Serra está com os pés fincados no Sul e Sudeste e nos estados ligados ao agro-negócio. Lula está firme nos grotões, com destaque para o Piauí, feudo particular da família Sarney. Há flutuações regionais  que fogem a esse padrão, mas a conclusão é uma só: estamos de volta ao populismo e ao clientelismo.
A UNE, a CUT, os sindicatos, a parte organizada da sociedade tornou-se governista. A discussão crítica dentro do PT foi praticamente eliminada. O processo de escolha de Dilma foi coreano. O presidente em exercício nomeou seu sucessor ad referendum de seu partido. É interessante notar que a Polop, organização onde Dilma começou a sua militância, era uma das críticas mais ferrenhas do populismo de AP, a organização de José Serra. Valeria a pena relembrar as críticas do sociólogo Otávio Ianni, hoje esquecido. Ironicamente, a atual trajetória política de Dilma passa pelo  PDT, o herdeiro do Getulismo, até chegar ao Lulismo, sua mais nova vertente populista. Por fim, acaba de ressuscitar o fantasma do udenismo.
Admito que Getúlio, visto de uma perspectiva mais ampla, iniciou a modernização do país; admito que a UDN era extremamente reacionária; mas não me peçam para chamar mar de lama de mar de rosas, urubu de meu louro e legalização do aborto de defesa da vida. Hoje a candidata rezou em Aparecida. Ela afirmou que sua formação é católica e sua crença religiosa, questão de foro íntimo. O homem legenda não perdoou: “ainda bem que não esqueci como se faz o sinal da cruz”. Paris vale uma missa.


sábado, 2 de outubro de 2010

Pedido

Por que eu peço o seu voto

Por que o voto é seu e deve ser valorizado. Minha proposta é fazer de você o dono do mandato. Como? Cadastrando-se no blog do mandato, você poderá discutir, acompanhar e votar nas matérias mais relevantes. O seu representante se obriga a seguir a maioria.
Quais são as minhas credenciais? Faço política desde a adolescência. Fui diretor da UNE, participei do movimento de associação de moradores, da luta sindical e, atualmente participo do movimento Poetas pela Paz.
Qual é a minha formação? Sou físico. Trabalho como auditor fiscal da Receita Federal. Professor de 90 a 94, Fiscal de Tributos da Prefeitura e Analista do Banco Central de 94 a 97. Conheço de perto a Contabilidade Pública, a Lei de Licitações e o Sistema Tributário brasileiro.
Quais as minhas prioridades? Educação, Cultura e Reforma Tributária. No meu blog:
as propostas para essas áreas estão mais detalhadas.
Marco Lisboa - 3676