Escrito nos raros momentos de folga de uma jornada fatigante.

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Divulgação literária e outros babados fortes

Versos cretinos, crônicas escrotas e contos requentados. O resto é pura prosa.

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Balanço do Carnaval em Minas

 Essa poesia foi escrita em 2007. Continua atual. Não mudou o carnaval, não mudamos nós e não mudou Bagdá.

Balanço do carnaval em Minas


Setecentas léguas de engarrafamento
Trinta vítimas fatais. Em Bagdá
Porque aqui foram mais
E mais se esperam, a qualquer momento

No meio de tanta gente
Duzentos e cinqüenta e nove cabaços
Voaram felizes para o espaço
Trinta e sete estupros, infelizmente
Também, no meio de tanta gente

Noventa e quatro novos casos de Aids
Oitenta e um fetos indesejados
No meio de tantos desejos,
No meio de tantos afetos
Evoé baco! No paraíso
Uma serpentina enlaçou Adão

Mil trezentos e trinta e seis poetas
Tristes e embriagados
Cantaram em versos de pé quebrado
As mulatas analfabetas e as mocinhas iletradas
Salve o balanço! Salve a malícia! E salve o requebrado!

Hum milhão quinhentos e dezenove mil litros bem bebidos
Sem contar quanta erva se queimou
Fora todo o pó que foi cheirado. E os comprimidos
Não falo dos êxtases alcançados
Nem dos picos
Porque são muitos e são muito fáceis os caminhos para o Paraíso

Noventa e quatro milhões de reais em dívidas novas
Não importa que na realidade
A felicidade não se venda
A fantasia tem crédito ilimitado
Não depende de comprovação de renda

Ah meu Deus
Quanta felicidade!
O que seria, ó senhor
Se não houvesse o Carnaval!