Escrito nos raros momentos de folga de uma jornada fatigante.

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segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

A morte do Grande Irmão


RIO - A julgar pelos números divulgados pelo governo norte-coreano, as homenagens públicas ao ditador Kim Jong-il estão entre as cerimônias fúnebres mais concorridas da História. De acordo com as autoridades, cerca de 5 milhões de pessoas se reuniram diante de retratos e estátuas do Querido Líder na capital, só nas primeiras 48 horas. Considerando-se a população do país de aproximadamente 24 milhões, quase um quinto dos norte-coreanos - e isso só na capital - já teria prestado suas últimas homenagens ao homem que nos últimos 17 anos os manteve sob o ferrolho de um dos regimes mais fechados e repressivos do planeta.

As cifras divulgadas pelo governo norte-coreano saltam mais aos olhos quando comparadas com a população de Pyongyang: 3,2 milhões de pessoas, segundo dados do censo de 2008. Num país onde o transporte público é precário, 104 mil pessoas estariam passando por hora - dia e noite - diante das estátuas e retratos de Kim Jong-il: 29 por segundo.

Tais números deixariam no chinelo os funerais de outras personalidades da História recente. No velório público de John Kennedy, em 1963, 250 mil pessoas se despediram do presidente americano durante 18 horas - uma média de 13.900 por hora, e apenas 3,8 por segundo. Já a idolatrada princesa Diana levou três milhões às ruas de Londres em seu funeral em 1997. Outra figura pranteada pelas massas foi o Papa João Paulo II, cuja morte em 2005 entupiu as ruas de Roma e do Vaticano com entre 2 milhões e 4 milhões de fiéis.

Nada que se compare, pois, ao Querido Líder. No ritmo divulgado pelas autoridades norte-coreanas, até o dia 28, data do funeral, quase toda a população do país já o terá homenageado. Mais um recorde para um líder que, segundo a propaganda oficial, foi saudado não por um, mas por dois arco-íris no céu no dia de seu nascimento.

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