Capítulo 3
Diário de
bordo do capitão
O terceiro planeta, nos confins da Galáxia, orbitando um sol amarelo, revelou a existência de vida. Basicamente, alguns insetos de carapaça marrom, alguma fauna marinha e uma vegetação rala e rasteira. Havia ruínas por toda parte.
Num primeiro levantamento, os achados mais relevantes estavam em uma superfície branca, onde figuras e pequenos sinais indicavam uma linguagem elaborada. Chamamos essas lâminas de folhas. Geralmente elas estão agrupadas e protegidas por uma capa, no que chamamos de ensinador. Pela radiação que ainda persistia no ambiente, deduzimos que essa civilização foi exterminada em uma guerra nuclear.
Nosso tempo
era curto e resolvemos nos concentrar numa edificação quase intacta. Nela
haviam morado dois vulcanóides. Simetria axial, quatro membros, sendo os
inferiores usados para locomoção. O povo do terceiro planeta possuía noções
muito avançadas de Ciência. Levamos alguns exemplares de seus ensinadores.
Pelas ilustrações, deduzimos que eles dominavam vários teoremas de nossa Ciência
Natural e de nossa Ciência das Relações. Mais um pouco e seriam capazes de se
aventurarem pela Galáxia.
Eram
adeptos de um jogo de tabuleiros, com 64 casas e 6 peças diferentes. O jogo
deveria ser extremamente popular, porque achamos mais de quinhentos ensinadores
dedicados à eles. Observando seus diagramas, conseguimos descobrir os símbolos
que usavam para anotar suas jogadas.
Graças ao
que deveria ser um manual, resgatamos todas as regras desse jogo e até mesmo
reproduzimos partidas. Nossa tripulação agora não para de jogar. Alguns já
conseguem acompanhar as partidas e entender as estratégias envolvidas. Em breve
nossos cientistas criarão um programa capaz de igualar os jogadores vulcanóides
mais hábeis.
Havia
alguns dispositivos que sugeriam que eles faziam uso intensivo de informação
codificada eletronicamente. O tempo e pulsos eletromagnéticos muito intensos tornaram
impossível recuperar qualquer informação contidas nesses aparelhos e em
pequenos objetos, que, ou se encaixavam em aberturas laterais, ou eram
colocados dentro dos dispositivos.
Na habitação que estudamos, cada cômodo tinha uma função específica. O vedor, era montado em função de um aparelho que, com certeza, reproduzia imagens. O consultor abrigava os ensinadores. O repousador era onde dormiam e guardavam o vestuário. O limpador, onde se lavavam e excretavam. Havia ainda o comedor e vários outros aposentos que pareciam servir para múltiplos fins. Nós os chamamos de guardadores.
Na habitação que estudamos, cada cômodo tinha uma função específica. O vedor, era montado em função de um aparelho que, com certeza, reproduzia imagens. O consultor abrigava os ensinadores. O repousador era onde dormiam e guardavam o vestuário. O limpador, onde se lavavam e excretavam. Havia ainda o comedor e vários outros aposentos que pareciam servir para múltiplos fins. Nós os chamamos de guardadores.
Esse povo adorava
vários deuses. Um deles era um vulcanóide de outra espécie, ereto, com a frente
branca, o dorso negro, um bico e apêndices que não serviam para voar. Ele
ficava em cima de uma máquina de calor. Observando mais de perto essa máquina,
descobrimos que ela também servia para resfriar sua parte interna.
Provavelmente, o deus era o senhor do frio e zelava pela conservação dos
alimentos ali guardados.
Os outros
deuses eram muito mais graciosos. Corpo esguio, quatro membros locomotores,
garras e uma cauda. Não pareciam ter uma função específica. Havia reproduções
deles por toda a parte e pequenas estátuas, quase cinquenta, no que parecia ser
uma altar doméstico. Deveriam ser animais sagrados, pois encontramos pequenos
recipientes, que provavelmente eram usados para colocar oferendas e alimentos
para eles.
Nosso
suboficial de ciências levantou a hipótese de eles serem os deuses do sono,
pois apareciam dormindo em muitas reproduções e seus esqueletos foram
encontrados sobre o retângulo que os vulcanóides usavam para dormir.
Esses
deveriam ser deuses antigos, domésticos ou de um só clã. Os cultos coletivos
eram realizados em arenas, quase sempre circulares, com um retângulo onde se
viam estranhas marcas desenhadas sobre uma vegetação verde. Havia dois grupos
de sacerdotes e seus seguidores usavam suas cores. Nessa habitação havia várias
bandeiras, roupas e símbolos com as cores preta e branca. Três letras apareciam
sempre: CAM.
Nossa nave
pode carregar pouco peso, somos feitos para exploração rápidas em ambientes que
podem ser hostis. Levamos alguns exemplares de seus ensinadores. Eles ficavam
agrupados em estruturas de metal, uma ao lado do outra, ordenados por assunto. Escolhemos
alguns exemplares de cada estrutura dessas.
Nosso
achado mais importante foram ensinadores que chamamos de significadores. Seu
objetivo era o de registrar o nome de todas as coisas e explicar a sua função.
Eles seguem uma ordem alfabética. Achamos significadores escritos no que
pareciam várias línguas. Alguns, que chamamos de translatores, relacionavam
duas línguas diferentes. Só nos ensinadores daquele jogo, que chamamos de
batalha real, encontramos umas dez línguas diferentes e dois alfabetos
distintos.
Certamente
nossos sábios decifrarão a linguagem predominante nos ensinadores, com o
auxílio dos explicadores. Começarão pelos símbolos concretos e chegarão até sua
gramática, seus relacionadores e conectores. Mais tarde, se houver interesse e
recursos, faremos uma expedição para explorar essa civilização perdida.
Relatório do oficial de Ciências.
A civilização
do terceiro planeta atingiu um nível elevado de conhecimento científico.
Através das partidas de batalha real, calculamos que possuíam uma inteligência
de nível 5, em nossa escala. Eram cultos e dominavam vários idiomas. Por outro
lado, adoravam deuses domésticos, específicos de cada clã e possuíam uma religião
coletiva com rituais primitivos. Grau 8, em nossa escala de superstição.
Eram povos guerreiros, que sublimavam suas paixões através da Batalha Real.
Eram povos guerreiros, que sublimavam suas paixões através da Batalha Real.
Essa
contradição, entre suas tendências primitivas e avançadas, se resolveu com a
aniquilação total, através de uma guerra nuclear. Seria de grande interesse
para os nossos estudiosos de dinâmicas sociais, entender o que desencadeou esse
conflito. Recomendo que se retorne a esse planeta, para uma coleta maior de
dados.
Vc e Lênin são múmias muito sexy
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