A arte
imita a vida, embora a vida nem sempre imite a arte. Essa assimetria o
incomodava. No mundo material, por assim dizer, reina a simetria. Matéria e
antimatéria, onda e partícula, bósons e férmions. No mundo das ideias, a falta
de qualificação melhor, para modelos reais, pode haver uma cópia ideal, mas a
recíproca, muitas vezes não ocorre.
Em Paris ele havia criado um epigrama: Paris é uma cidade chinesa, cheia de turistas, a maioria franceses. Era uma invasão disciplinada. Com guias ostentando bandeirinhas, ônibus fretados e um chinesinho de óculos, cara de nerd, que falava inglês.
Em Paris ele havia criado um epigrama: Paris é uma cidade chinesa, cheia de turistas, a maioria franceses. Era uma invasão disciplinada. Com guias ostentando bandeirinhas, ônibus fretados e um chinesinho de óculos, cara de nerd, que falava inglês.
Um grande autor
brasileiro, grande pela quantidade de obras, criara os personagens perfeitos
para a sua conspiração. Um baronete inglês, que vivia numa ilha paradisíaco,
com suas seis noivas e que, volta e meia, era convocado para salvar a
civilização das ameaças da Senhora do Mundo, Comandante Suprema do Exército do
Suicídio Coletivo, Rainha Puríssima do Império do Nada.
Na vida real, a literatura de fricção de sua
juventude, projetara uma sombra difusa num anteparo ideológico: o Grande
Timoneiro.
Em novembro de 1957, em Moscou, falando para representantes dos comunistas de todo o mundo, ele pronunciou seu famoso discurso: “O imperialismo norte-americano é um tigre de papel”.
Em novembro de 1957, em Moscou, falando para representantes dos comunistas de todo o mundo, ele pronunciou seu famoso discurso: “O imperialismo norte-americano é um tigre de papel”.
As palavras exatas de Mao foram:
“Eu não tenho medo da uma guerra nuclear. Há 2,7 bilhões de pessoas no mundo,
não importa se alguns morrerem. A China tem uma população de 600 milhões; mesmo
que metade deles morra, ainda restará 300 milhões de pessoas. Eu não tenho medo
de ninguém.”
Um drone,
carregado por um norueguês corpulento, na fila da Norwegian, acionou uma outra
chave. Mesmo antes dos drones e, com certeza, mesmo antes do novo mandato da
velha presidente, ele já havia pensado na hipótese.
- Imagine
um aeromodelo feito com C4, dirigido por controle remoto, na Esplanada dos
Ministérios, em Brasília. Bastaria apontá-lo e dirigi-lo em linha reta, passando
pelo Congresso e dando uma guinada leve à esquerda, até o Palácio do Planalto.
- Teorias
como essa não são boas para filas de embarque – advertiu o filho. Leve em conta
que bomba, terrorista e ataque soam parecidas ao seu equivalente em inglês.
Calou-se.
Nove anos de clandestinidade haviam servido para alguma coisa. Os pensamentos
continuaram numa nova linhaE se?
Em Moscou,
um novo epigrama: A China tem mais de um bilhão de habitantes, dos quais uns
cem mil estão no exterior, fazendo turismo.
Mentira, é
claro. A China é tão ou até mais desigual que o Brasil e sua elite não chegaria
a um milhão. Aquele 1%, que como ele, ganharia o suficiente para excursionar
pelo exterior. Uns cem mil chineses fazendo turismo. Essa seria a ordem de
grandeza correta. Nem dez mil e nem um milhão. Um exército, de qualquer
maneira.
E se?
Se parte da
elite chinesa fosse mais cosmopolita, isso seria melhor do que uma geração
moldada pela Grande Revolução Cultural Proletária.
Que não
fora Grande (a não ser pelos números de pessoas envolvidas), nem mesmo uma
revolução (apenas uma briga interna pelo poder) Muito menos cultural, já que
fora dirigida, entre outras coisas, contra a cultura. E, com certeza, nem um
pouco proletária (exército e estudantes formavam o grosso da tropa de choque
que Mao havia lançado à luta).
Isso ele
diria agora, enquanto ocasionalmente fazia turismo arqueológico, à procura de
restos do socialismo.
40 anos atrás, ele acreditara que a terceira guerra mundial já havia começado. E que só a revolução poderia evitar a guerra.
E se?
40 anos atrás, ele acreditara que a terceira guerra mundial já havia começado. E que só a revolução poderia evitar a guerra.
E se?
Num mundo
ideal, a Senhora do Mundo enviaria os seus agentes para explodir a Torre
Eiffel, o Big Ben, o mausoléu de Lênin e a Estátua da Liberdade, para reinar
nua, coberta apenas com sua máscara de jade, sobre os escombros de um mundo
purificado.
Nessa
jornada ela certamente contaria com a ajuda de um sobrinho-neto de Mao, que
sonharia com a destruição dos malditos imperialistas americanos, dos
revisionistas soviéticos e seus novos aliados, a renegada camarilha
revisionista chinesa, que havia traído o marxismo-leninismo pensamento Mao
Tsé-tung.
E que
melhor lugar para esconder um agente chinês do que no meio de uma inofensiva
comitiva de turistas chineses?
No mundo sublunar, definitivamente, reina a corrupção. Em lugar do Grande Timoneiro, temos uma casta de burocratas, que se renova periodicamente. O imperialismo não é mais um tigre de papel e a China é a maior detentora de papéis do tesouro nacional do antigo tigre, hoje parceiro.
No mundo sublunar, definitivamente, reina a corrupção. Em lugar do Grande Timoneiro, temos uma casta de burocratas, que se renova periodicamente. O imperialismo não é mais um tigre de papel e a China é a maior detentora de papéis do tesouro nacional do antigo tigre, hoje parceiro.
A ser continuado.
Marcos Lisboa: agora não é só marxismo-leninismo-maoísmo. Vc está superado. Gonzalo é a quarta espada do marxismo. O peru é o centro da revoluçao mundial e uma nova onda de revoluções proletárias está pronta para ser lançada: Índia, Nepal, Filipinas, Turquia, todos têm guerrilhas maoístas ativas. É marxismo-leninismo-maoísmo-pensamento Gonzalo. A revolução continua no Vale do Apurimac no Peru. Eles publicam informes no blog Nueva Democracia Panama, do Gaytan, entre outros. Abs!
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