Escrito nos raros momentos de folga de uma jornada fatigante.

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Divulgação literária e outros babados fortes

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sábado, 7 de novembro de 2009

Capítulo 2 - A composição dos destacamentos

Ao deslocar mais de 70 militantes para a região do Araguaia, o PC do B pretendia formar três destacamentos, cada um com 23 combatentes: um comandante, um vice-comandante, e três grupos de sete guerrilheiros. Previa-se que, ao final de 1972, os efetivos estivessem completos, a área mapeada e o treinamento militar concluído. Caberia ao partido escolher como e quando iniciar a luta armada.
Ângelo Arroyo era um operário paulista que ingressou no PCB em 1945, com 17 anos. Em 54, foi eleito membro do Comitê Central. Desde o início, se opôs as teses de Khruschev e, em 62, participou da reorganização do partido. No PC do B, era membro do Comitê Central e de sua Comissão Executiva. Fazia parte da Comissão Militar, a qual os três destacamentos estavam subordinados. Ele sobreviveu ao aniquilamento da guerrilha e escreveu um relatório, o chamado Relatório Arroyo, uma de nossas fontes primárias.
Para facilitar a leitura, além das tabelas que constam nesse capítulo, elaboramos um encarte. Ao lado do nome dos militantes, colocamos os nomes de guerra com os quais eram conhecidos entre os moradores e entre os próprios companheiros. O Relatório Arroyo utiliza quase sempre esses nomes de guerra. Para evitar confusões (existia um Zezinho do destacamento A e um do destacamento B, por exemplo), nós fixamos um nome, que, se for o caso, virá sempre em itálico.



























































Arroyo coloca 22 militantes no Destacamento A, comandados por André Grabois (Zé Carlos) e tendo Antônio de Pádua Costa (Piauí) como vice-comandante. Danilo Carneiro, (Nilo)*, estava autorizado a deixar a área assim que começassem os choques armados, portanto Arroyo não o incluía como combatente. Lúcia Regina de Souza Martins (Regina) **, esposa de Lúcio Petit da Silva (Beto), havia deixado a região para se tratar em Anápolis. Ela fugiu do hospital e voltou para a família em São Paulo. Também não entra na contagem dos combatentes. Desse modo chegamos ao número exato, 22 militantes. Nem sempre conseguimos estabelecer a data de chegada com precisão.

O destacamento B







O destacamento B tinha 21 militantes, Osvaldo Orlando da Costa (Osvaldão) era o Comandante e José Humberto Bronca (Zeca, Fogoió) o vice-comandante. Walquíria (Walk) foi a última guerrilheira a ser morta pelo exército. Michéas (Zezinho) é um dos poucos sobreviventes da guerrilha. Ele ajudou Arroyo a sair da área e permaneceu clandestino em São Paulo, sem contato com o PC do B. Mais de vinte anos depois desses acontecimentos, tornou pública a sua história. Sua memória, no entanto, apresenta falhas e lacunas.

O destacamento C





































Esse destacamento foi o último a ser formado, sendo que dois militantes chegaram no dia 18 de abril de 72, uma semana depois do primeiro ataque do exército ao Destacamento A. O seu comandante era Paulo Mendes Rodrigues (Paulo) e o vice-comandante José Toledo de Oliveira (Vitor). Teresa Cristina Albuquerque (Ana) * era casada com Pedro Albuquerque Neto (Pedro) **. Desde que chegou, manifestou sua inconformidade com a tarefa. Os dois abandonaram a área ainda em 71. No total, assim que começaram as ações militares para o Destacamento C, ele contava com 20 combatentes.

A Comissão Militar





































A Comissão Militar original era formada por oito membros, sendo que dois exerciam a função de guardas. Arroyo não menciona os nomes dos seus componentes e excluí João Amazonas e Elza Monnerat da contagem. Ambos haviam ido para São Paulo e estavam retornando separadamente. A vinda deles coincidiu com os primeiros ataques do exército. Elza levava dois militantes que iriam se integrar à guerrilha: Rioko Caiano e Eduardo Monteiro Teixeira, presos logo ao chegar. Ela conseguiu retornar a Anápolis, a tempo de avisar João Amazonas, e dali voltaram para São Paulo.
Na verdade, a estrutura das forças guerrilheiras era mais complicada, pois havia um Bureau Político ao qual a Comissão Militar estava subordinada. Ao que parece, com o desenvolvimento da guerrilha, essas estruturas iriam se ampliar e se diferenciar. Para simplificar, englobamos as duas sob o nome único de Comissão Militar - CM.

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