Todo ano, desde 2007, eu republico esta poesia. Parece que o Carnaval não muda. E nem o Iraque.
Balanço do carnaval em Minas
Setentas léguas de engarrafamento
Trinta vítimas fatais. Em Bagdá
Porque aqui, bem prá lá de Bagdá
Foram treze, de uma tacada só
E se esperam mais, a qualquer momento
No meio de tanta gente
Duzentos e cinqüenta e nove cabaços
Voaram felizes para o espaço
Trinta e sete estupros, infelizmente
Também, no meio de tanta gente
Noventa e quatro novos casos de Aids
Oitenta e um fetos indesejados
No meio de tantos desejos,
No meio de tantos afetos
Eva laçou Adão com uma serpentina
Mil trezentos e trinta e seis poetas
Tristes e embriagados
Cantaram em versos de pé quebrado
As mulatas analfabetas e as mocinhas iletradas
Salve o balanço! A malícia! E o requebrado!
Um milhão, quinhentos e dezenove mil litros foram bebidos
Sem contar toda a erva que foi fumada
Fora o que foi cheirado. Os comprimidos?
Não falo dos êxtases alcançados
Nem dos picos
Porque são muitos e são fáceis os caminhos para o Paraíso
Noventa e quatro milhões de reais em dívidas novas
Não importa que na realidade
A felicidade não se venda
A fantasia tem crédito ilimitado
Não depende de comprovação de renda
Ah meu Deus
Quanta felicidade!
O que seria, oh senhor
Se não houvesse o Carnaval!
Nenhum comentário:
Postar um comentário