Augusto dos Anjos revisitado
Quisera ser um poeta caudaloso
Um tsunami de epigramas
Saí um poeta verborrágico
Espiroqueta, num mar de hemogramas
Poeta pálido, semblante bilioso
Gotejando verbos sifilíticos
Em tom de profundo baixo cavernoso
Sibilando estrofes catastróficas
Bofes carcomidos pela tísica
Carnes consumidas pela hética
Consolado pela metafísica
Afogado em sordidez patética
Garroteando a veia poética
Fazendo um profundo enema
Do fundo da fossa séptica
Eis que emerge um poema
De verso puro, de rima escorreita
Ou verme escuro, da sentina putrefata
Delírio de febre terçã, da brava maleita
Ou apoteose da lógica mais exata?
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