Escrito nos raros momentos de folga de uma jornada fatigante.

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Divulgação literária e outros babados fortes

Versos cretinos, crônicas escrotas e contos requentados. O resto é pura prosa.

sábado, 5 de dezembro de 2009

O menino do Rio

A entrevista de César Benjamim alcançou grande repercussão e provocou alguns depoimentos esclarecedores. O cineasta Sílvio Tendler afirmou que a reunião e a conversa aconteceram e que o Presidente estava brincando. José Maria de Almeida, dirigente do PSTU, preso com Lula naquela ocasião, disse que o fato como foi denunciado não ocorreu.


Dando ao autor da entrevista o benefício da dúvida, ele acreditou que uma brincadeira era verdade. Mesmo assim, sua atitude ao divulgá-la é discutível. A alegação de que pretendia fazer uma "reflexão sobre a complexidade da condição humana" é de uma ingenuidade suspeita. Como militante político, ele não pode ignorar que a entrevista, assim como o filme, farão parte da campanha eleitoral ora em curso.

Como não somos adeptos do politicamente correto, não deixaremos de publicar as notícias atuais que considerarmos relevantes. Cabe a vocês a palavra final. O realismo socialista partia da concepção de que a classe operária não podia ser contaminada com as perversões típicas da burguesia. Os idiotas modernos continuam tratando o resto da humanidade como idiotas, sem maturidade suficiente para enfrentarem a realidade, que só deve ser mostrada em seus aspectos mais edificantes e construtivos.

Uma coisa é o papel histórico que a classe operária possa ter, outra coisa é o perfil real da classe operária brasileira. Zé Maria afirmou que aquele tipo de brincadeira era comum entre os operários. César reagiu como reagiria um típico burguesinho da Zona Sul. De qualquer maneira, mesmo supondo verdadeiro o fato, o governo Lula não deve ser avaliado a partir dessa dimensão ética ou estética.

Paosolini escreveu um célebre poema, em pleno 68, defendendo os jovens policiais, camponeses arrancados das províncias para combaterem os estudantes, dentre os quais estava a fina flor da burguesia romana. Morreu defendendo o papel revolucionário do lumpen-proletariado, que coincidentemente é exaltado na entrevista.

César afirma que se afastou do Presidente após a conversa sobre o menino do MEP. Eu deixei de votar em Lula depois da Carta aos Brasileiros. Há motivos suficientes para se avaliar politicamente o atual governo, sem precisarmos recorrer às denúncias do menino do Rio.

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