Demissão
“Sai daí, Zé.” Roberto
Jefferson
Oh! ave
canora, de vistosa plumagem,
Vós que
n’assembléia de pássaros reunida,
Abristes o
bico, na frondosa ramagem.
Canta, a
ira funesta do corrupião,
Oh deusa!
Que derribou o tié-sangue,
Inda deixou
exangue ao quero-quero
Trouxe a
negra corrupção, de ágeis dedos,
Ávida boca,
ontem era amor sincero,
De tantos
picaretas, hoje atiça medos
Boquiabertos,
boquirrotos, esfarrapados
Uns, outros
rotos, se acusam, se escusam
Medrosos se
entreolham, querem culpados
Querem o
sangue do bode expiatório,
Às piranhas
sedentas, untuosa novilha
Em troca da
manada. Neste parlatório,
Nesta babel
de vozes, um coaxar se ouve
O que é que
é?
O que é que
houve?
De nada sei
Pergunte ao
Zé
E o corvo,
ave de mau agouro
De negras
penas ornamentado,
Responde ao
molusco invertebrado
Nunca mais!
Nunca mais!
Nem se de
ouro fosses pintado.
O Partido
do Tiê, esbaforido, tenta um solo
Sou ético,
tenho um projeto, comigo a história
Nega o
crime, acusa o golpe – Não houve dolo.
Tenho
limpas as mãos, mágoas não trago,
Volto à
planície, deixo o planalto
Eterno
exilado, hoje soldado, ontem no areópago.
Canto
triste, logo abafado,
Por uma
araponga descontrolada
Você
roubou, é safado!
Seu
terrorista desalmado!
Num canto,
o João-de-Barro
A tudo assiste,
cabisbaixo.
Inda
escuta, do tucano, o sarro
Lá vem a
Esperança, sai de baixo!
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