Escrito nos raros momentos de folga de uma jornada fatigante.

Consulte o dicionário do cinismo, no rodapé do blog.

Divulgação literária e outros babados fortes

Versos cretinos, crônicas escrotas e contos requentados. O resto é pura prosa.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Candidatura

Segunda-feira acabou a novela. Minha candidatura foi homologada pelo TRE. Para divulgá-la criei um blog:

www.mandenoseudeputado.blogspot.com
E uma comunidade no Orkut:
Eu mando no meu deputado
Meu e-mail de campanha será:
deputadolisboa@gmail.com

Esse blog continuará com sua publicação normal. Para os leitores que quiserem saber mais sobre a minha candidatura, essa é minha primeira postagem no orkut:

 Mandato Popular



Soviete em russo quer dizer conselhos. Os sovietes de operários e camponeses eram conselhos populares, com delegados eleitos por sua base em assembléia. Podiam ser destituídos a qualquer momento, se não cumprissem fielmente o seu mandato. No seu início, eram um bom exemplo de democracia direta.


Hoje, a Internet pode ser um ótimo instrumento para um mandato popular. Mantendo um site e cadastrando os seu participantes, através de foruns, enquetes e votações, o deputado poderá aferir com agilidade a vontade de seus eleitores.



É evidente que isso não basta. A visão localizada e parcial dos problemas pode obscurecer os interesses mais amplos e gerais. Além disso, setores significativos de nossa sociedade não tem acesso e nem dominam a tecnologia digital. Sem contar que a vontade coletiva é muito mais do que a soma de vontades individuais.


Por outro lado, nossa política tradicional é paternalista e clientelista. Não é à toa que nosso Presidente incorporou a figura do pai bonzinho, que escuta as reclamações de toda a família e dá a palavra final. Collor era o pai autoritário, que resolvia tudo sozinho.


São essas práticas que pretendemos superar. Não negamos o papel relevante de sindicatos e associações. Um deputado que queira exercer um mandato popular deve estar próximo a essas organizações. Os partidos políticos com definição ideológica também são importantes.


Esse é um espaço alternativo, para aqueles que, por um motivo ou outro, não estão conseguindo participar satisfatoriamente da vida política.  Aqui tudo será resolvido através do voto, após ampla discussão. Democraticamente.







quarta-feira, 21 de julho de 2010

Primeira Parte - último capítulo

Com esse capítulo terminamos a primeira parte de nosso livro sobre a guerrilha do Araguaia - A preparação. 

Capítulo 10 – A Academia Militar do Araguaia

Genoino, na entrevista que citamos anteriormente, afirma que a preparação militar compreendia três itens: a teórica, com a discussão das leis gerais da guerra de guerrilhas, a tática e a preparação individual. Para a primeira, utilizavam-se os clássicos do marxismo e duas obras: A retirada da Laguna, do Visconde de Taunay e Os sertões, de Euclides da Cunha. “Os oito pontos de atenção” e “As três principais regras de disciplina”, textos de Mao Tse-tung sobre o exército popular, serviram de base para definir as qualidades desejáveis do guerrilheiro. Em relação à tática, foi elaborado um manual de sobrevivência na mata, adaptado à região. Ele orientava sobre as frutas, a caça, como camuflar os rastos, como fazer fogo, etc.
Segundo Glênio:
“Nas nossas aulas teóricas aprendíamos tudo sobre a guerra regular e irregular, a relação entre os dois tipos, a guerra de guerrilhas, algumas experiências internacionais e nacionais, as contradições da tática anti-guerrilha, a moral dos combatentes, como criar um exército popular, guerra justa e guerra injusta... Algumas orientações deviam ser assimiladas por nós. Lembro-me de dez delas:
1; O homem é o principal numa guerra, não importando o seu tipo;
2. O aspecto político é o dirigente de qualquer luta;
3. A moral depende da causa que se defende;
4. Priorizar a guerra de guerrilhas como o método ideal de luta para nós (luta do fraco contra o forte);
5. Ser ao mesmo tempo político, trabalhador e militar;
6. Lealdade à causa, espírito coletivo, solidariedade, coragem e respeito aos bens, às mulheres e aos costumes do povo;
7. Domínio do cenário onde se desenvolve a luta;
8. A adaptação à vida local já é uma preparação;
9. Disciplina;
10. Indispensável apoio popular. [1]
Os guerrilheiros tinham vários métodos de orientação: a bússola, o Sol, as estrelas (o Cruzeiro do Sul). Além de um método geral, que era o de seguir os cursos de água, que sempre desembocam em outro maior.  A região começou a ser mapeada em meados de 70. Usando a bússola e calculando a distância por meio de passos, os guerrilheiros iam complementando os mapas oficiais do IBGE. As características do terreno, assim como os tipos de mata eram registradas. Os mapas ficavam com o responsável pelo grupo e eram guardados em tubos de bambu, para evitar que se dobrassem ou que se molhassem. A região que vai da Palestina até São Geraldo foi mapeada dessa forma.
Ainda segundo Genoino, a parte de preparação individual compreendia marchas na mata, camuflagem dos rastros, treinamento de assaltos, fustigamentos, etc. Cada um dos três grupos do destacamento B tinha sua área de atuação.
Foram previstas saídas de emergência para os diferentes tipos de ataque. Até dezembro de 72 era esperado que o destacamento concluísse sua preparação. Em relação aos serviços de saúde, foram ministrados os conhecimentos básicos de primeiros socorros: como enfaixar uma perna, como estancar uma hemorragia. Os guerrilheiros dominavam até técnicas rudimentares de extração de dentes.
Em seu documento “Grande acontecimento na vida do país e do PC do B”, escrito por Ângelo Arroyo, ele destaca entre os êxitos conseguidos no aspecto militar:
1. A ORGANIZAÇÃO DA FORÇA COMBATENTE. Conseguiram se estruturar três destacamentos e o comando geral. Isto não era tarefa fácil devido, de uma parte, à vigilância do inimigo e, de outra parte, ao material humano de que se dispunha, gente despreparada militarmente, com hábitos completamente diferentes dos que vigoram no interior...
2. ELABORAÇÃO DO CURSO DE PREPARAÇÃO MILITAR. Fazia-se necessário forjar uma orientação adequada ao terreno e às condições locais. Mesmo sem dispor de suficiente experiência e conhecimento, elaboraram-se seis aulas teóricas, sete aulas práticas e várias outras de treinamento diário que respondiam às necessidades da luta. As aulas teóricas eram as seguintes: o que é a guerra; a guerra popular, a guerra popular na região; a guerra de guerrilha; o combatente e seu moral; a força inimiga. As aulas práticas: orientação na mata; vida na mata; emboscada; assalto; fustigamento; marcha; acampamento. De treinamento diário: tiro, conhecimento das armas, rastejamento, emprego da baioneta, reflexos, ginástica, etc. Esse curso representou um verdadeiro salto na preparação dos combatentes. Infelizmente, só se conseguiu aprontá-lo quase no final do período anterior a luta. Assim mesmo, ajudou bastante. ”
Em relação ao armamento, o relatório Arroyo fornece uma relação precisa do que dispunha cada destacamento quando se iniciou a luta.
“... As armas com que se contava eram precárias. O destacamento A tinha quatro fuzis, quatro rifles 44, uma metralhadora fabricada lá mesmo, uma metralhadora INA, seis espingardas 20 e duas carabinas 22; o destacamento B tinha um fuzil, uma submetralhadora Royal, seis rifles 44, uma metralhadora fabricada lá mesmo, uma espingarda16 de dois canos, uma espingarda 16 de um cano só, seis espingardas 20, uma espingarda 36 e duas carabinas 22; no C havia quatro fuzis, alguns rifles 44, espingardas 20 e carabinas 22; na CM havia duas espingardas 20. A maior parte dessas armas era antiga e apresentava defeitos. Todos os combatentes tinham revólveres 38, com mais de 40 balas cada.” Grifos nossos.
Genoino complementa essa informação: “As nossas armas foram conseguidas na região, espingarda 12, 16, 20, 36 -, revólver 32, alguns 44. Nada conseguido fora. Algumas coisas compramos no comércio de Xambioá e Marabá, outras a gente trocava. Chegamos a enterrar armas, colocar dentro de troncos de árvores. Deixei farinha ficar um ano e depois ela tava boa. Cada um tinha uma técnica e um local desconhecido pelos outros.”
Em um depoimento, João Amazonas dá uma informação surpreendente: “Lembro que houve um levante de sargentos em Brasília e, no final, nós conseguimos pegar alguns fuzis (seis ou oito) para a guerrilha. Eles eram uma porcaria, altos como o diabo, encostavam em tudo o que é coisa, pesados para caramba...”
Glênio informa que as mochilas que cada guerrilheiro carregavam continham “uma muda de roupa forte e nova; uma rede nova; um plástico para proteger-nos da chuva; farinha, sal; solado de bota; isqueiro, munição para arma longa e curta; pilhas e remédio para malária. A tiracolo levávamos um bornal contendo mais munição, fósforos, lanterna, prato, colher, cordas de naylon e alguns outros objetos de uso pessoal. [2]
Finalmente, deve-se mencionar os depósitos de alimentos e medicamentos, localizados na mata. Cada destacamento tinha seu sistema clandestino de depósitos. Eram utilizados tocos de árvores e buracos. Uma técnica era cavar um buraco, forrar com pedras o fundo e depois colocar  latas untadas com óleo queimado, para evitar a corrosão. Outra técnica era cavar um buraco na vertical e um túnel perpendicular a ele, onde se colocavam os víveres, como forma de se evitar o alagamento pelas chuvas.



[1] Araguaia – relato de um guerrilheiro, p. 11
[2] Araguaia – relato de um guerrilheiro, p. 15

domingo, 11 de julho de 2010

Dona Dilma e as grandes fortunas

A revista Veja anda na contra-mão da direita moderna. Procurando capitalizar a cagada de Dilma, que, ao registrar sua candidatura, apresentou o programa do PT, ao invés do programa da aliança, ela abraça uma teoria conspiratória -. haveria uma agenda oculta, radical, que seria o verdadeiro programa da Dilma.

Numa ilustração, a revista faz uma lista dessas medidas e inclui a taxação das grandes fortunas. Segundo Veja, essa proposta teria sido apresentada num projeto do senador Paulo Paim, do PT.
Ledo engano. O imposto sobre as grandes fortunas está previsto na Constituição de 88. 
"Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
...
VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar."

Nesse ponto, a Constituição tampouco foi radical. É praxe no primeiro mundo taxar pesadamente as grandes fortunas. Pode-se discutir a repercussão econômica dessa medida, mas seria temerário taxá-la como de esquerda.

Por outro lado, seria interessante saber o que a direita esclarecida e as grandes fortunas pensam sobre a candidata. O textoabaixo foi extraído do Blog da Dilma

Hildegard Angel, Jornal do Brasil

“Ao fim de seu almoço para Dilma Rousseff, cercada pela imprensa por todos os lados, Lily Marinho respondeu ao repórter que lhe perguntou se também fará almoços para os demais candidatos: "Não, só para ela!". Naquele momento, tive a certeza de que Dilma havia conquistado mais um voto. Afinal, em seu pequeno discurso, lido antes da sobremesa, Lily falara da necessidade de "ouvir diretamente os candidatos, sem intermediários para formar opinião sobre a melhor escolha daquele ou daquela que irá conduzir nosso país nos próximos quatro anos". Lily também lembrara o marido, Roberto Marinho, "que jamais se absteve de conviver com as diferenças de opinião". Mas não havia, naquela resposta de Lily ao repórter — "Não, só pra ela!" — qualquer resquício de dúvida, qualquer indecisão diante da escolha certa.

A Rede Globo é um símbolo da direita brasileira. Pega mal para Dilma assumir explicitamente essa aliança. Eu até acho que depois de Collor, Maluf e Sarney não haveria tanto problema assim, mas vá lá se entender a cabeça dos marqueteiros. Por isso, num texto de Luis Nassif, flagramos essa tentativa de dissociar a candidata da Rede Globo.



Dona Lily é personagem de um mundo fantástico do Rio de Janeiro, da fase áurea dos anos 40 quando, ao lado do marido Horácio de Carvalho, do casal Walter Moreira Salles-Helene, Aloisio Salles-Peggy, dominavam os salões da cidade, nos tempos em que Roberto Marinho ainda não tinha chegado ao primeiro time. O primeiro marido Horácio Carvalho foi pessoa influente no governo Dutra e no governo JK. Dono do Diário Carioca - ao lado de José Eduardo Macedo Soares -, e da Erika - editora de revistas -, acabou repassando a empresa para Samuel Wainer, em um episódio que deu muito pano para manga para Carlos Lacerda.
Mesmo com todo esse histórico, dona Lily nunca teve atuação política. Viúva, casou-se com Roberto Marinho, foi companheira dos últimos anos do patriarca, mas jamais teve ingerência em qualquer negócio das Organizações Globo. Nem é mãe de seus filhos. Assim, a importância desse almoço é simbólica: reside em derrubar preconceitos da velha elite carioca contra a candidata do PT.
Então tá. Correu dos braços da Rede Globo para cair nos braços das grandes fortunas. Até que o texto procura glamourizar aquele mundo fantástico - a fase aúrea dos anos 40, com seus salões. A velha elite carioca. Ou a grande burguesia, como diria um velho barbudo ranzinza.

Conheço amigos que assimilaram o governo Lula, mas temem uma suposta radicalidade de sua candidata. Tranquilizem-se. Dona Lily não frequentou em vão os melhores salões do Rio de Janeiro. Ela nunca apoiaria uma candidata que ameaçasse o seu patrimônio. Nesse ponto, além de  ter adquirido um horizonte intelectual mais amplo, ela deve ter absorvido um pouco do tino para negócios de Roberto Marinho, esse novo rico que acabou chegando ao primeiro time.


sexta-feira, 2 de julho de 2010

Premiação dos piores da Copa

O Troféu Neto de Lata, de pior narrador vai para:
 Com essa frase imortal, Galvão deu uma contribuição definitiva para a ontologia ludopédica. E, por que não dizê-lo, para a antalogia, também.

O Troféu Aranha de Loja de 1,99  vai para o desgustador de galináceos impuberes, o grande Júlio Cesar. A Júlio César o que é de Júlio César. O goleiro do Galo protestou e alegou plágio.

Na foto, junto ao caçador de lepidópteros, o cachorro do Felipe Mello.

O Troféu Dunga de Peroba, vai para:

Felipe Mello. O nosso Bad Boy declarou: - Se o Dunga não fizer Caca, deixem que eu, Felipe, Melo!

O Troféu Bronca de Novo com seus onze anões vai para:


O nosso ex-treinador, por suas imitações perfeitas. O Juiz apita, o Gilberto silva e o Dunga orneja. Dizem que seu chamado tem o poder de conjurar as zebras...